Um letreiro luminoso, de 25 metros de comprimento e 10 de altura no alto de um edifício, com propaganda de uma bebida alcóolica pode ser “ponto turístico”? Sim, em Madrid pode! Conheça a história do letreiro Tio Pepe.
“Tio Pepe: sol de Andalucia embotellado” é um vinho tipo Jerez que todos na Espanha reconhecem pela garrafa escura vestida com uma jaqueta vermelha, um chapéu de abas largas e um violão em mãos, imagem símbolo da empresa criada em 1935.
Os vinhos de Jerez são produzidos na zona de mesmo nome da Andaluzia. Para mim, são mais encorpados, viscosos quase como licores, e são únicos em seu sabor. Meu tipo favorito é o “oloroso” que é mais seco e com grau alcoólico entre 17 e 22. Melhor ir com calma! Os outros tipos são mais secos, como o “fino”, generosos como o “manzanilla”, o “amontillado” e o “palo cortado” .
Combinam muito bem como aperitivos antes das refeições ou com a sobremesa. Eu curto uma taça de vinho acompanhada de uma tapa de “mojama de atum” no La Venencia de Madrid. Ótima pedida no final de dia antes de voltar para casa.
Mas o que faz dele tão famoso? Além de ser um letreiro de 1950, foi um dos poucos que sobrou depois de uma campanha contra o aumento dos anúncios luminosos que o então prefeito de Madrid promoveu em 2010. O letreiro Tio Pepe foi indultado, assim que merecia ficar e conquistou o seu espaço em Madrid.
Pouco tempo depois, o que o deixou mais famoso foi uma “polêmica” envolvendo uma grande marca dos telefones inteligentes! A Apple anunciou a abertura de uma mega loja e o lugar escolhido foi o antigo Hotel Paris no numero 01 da mesmíssima Puerta del Sol, onde estava o “Tio Pepe” (a loja é lindona, aliás). Em abril de 2011, os jornais divulgaram a retirada do letreiro do terraço para facilitar as reformas do edifício, deixando perguntas no ar: “voltará o icônico luminoso ao seu lugar, voltará para a Puerta del Sol ou será esquecido?”
O grupo do “deixa para lá” argumentava que o outdoor não tem a antiguidade alegada nem valor artístico, que é poluição visual desnecessária, que representa uma imagem equivocada dos espanhóis com a guitarra e o Jerez nas mãos, ou seja, a imagem da Espanha com lugar de “fiesta y siesta”. Já o grupo “pró outdoor”, conhecidos por “Pro Tio Pepe Siempre en Sol” alegava que o letreiro já faz parte do imaginário popular e se mobilizou por internet com um grupo no facebook e mais de 50 mil assinaturas em abaixo-assinados online.
Os defensores do Tio Pepe venceram e, em maio de 2014, o luminoso voltou à Puerta del Sol. Dessa vez ocupando o número 11, no topo do edifício, a 130 metros de distância da localização original.
Eu gosto dessa história porque mostra um debate entre o que é histórico/regional e o novo/moderno que vem de fora. Bom, a Puerta del Sol mostrou que podemos ter um pouco dos dois nem que seja mudando e se adaptando um pouco.
Sandra Brocksom é do interior de São Paulo e veio morar em Madrid por amor a um espanhol. Ela acabou se apaixonando também pela cultura, gastronomia e história madrilenha e espanhola. Ela conta suas experiências no blog Sandra B Em Madrid.
Que demais, adoro o símbolo do Tio Pepe! Só me sinto em Madri, quando chegamos na Porta do Sol e aparece tão lindamente no alto de um edifício o imponente símbolo! Muito obrigada por contar sobre a mudança de local e que bom que voltou para esse endereço maravilhoso!
Também adoramos o Tio Pepe! Obrigada pelo comentário. ??