Volta às aulas em tempos de pandemia

Depois de seis meses sem aulas, as escolas de Madrid reabriram em setembro para começar o ano letivo.

Foi um retorno cheio de expectativas, pois professores, pais e alunos deveriam se adaptar às regras da “nova normalidade”. Isso significou entrada dos alunos através de portões diferentes, redução do número de estudantes por turmas (até 20 pessoas), máscara obrigatórias para crianças a partir de seis anos, recreios limitados aos colegas da própria classe e refeições em horários intercalados.

Antes uma rápida explicação sobre como se divide o sistema educativo na Espanha:

  • Educação Infantil: entre 0 e 6 anos
  • Educação primária: entre 6 e 12 anos
  • Educação Secundária Obrigatória (ESO): entre 12 e 16 anos
  • Bachillerato: entre 16 e 18 anos prepara para a universidade ou para a formação profissional.

As escolas podem ser concertadas, públicas ou particulares. A pública é gratuita, a concertada é subvencionada pelo Estado, mas os pais pagam mensalidade e, geralmente, são escolas religiosas. Finalmente, as particulares são onde os pais não tem nenhum tipo de ajuda do governo.

O horário da escola é integral e depende da faixa etária. Caso os pais desejem, o aluno pode entrar uma hora antes ou sair uma hora depois.

Com isso tudo em mente, vamos saber como foi a volta às aulas na nova normalidade? Perguntamos para algumas mães e elas nos deixaram seus depoimentos.

Paula, mãe de dois filhos de 5 e 7 anos. Escola concertada.

A volta foi super tranquila, e o colégio, desde o início, fez todos os esforços para ser transparente e dar informações.

A escola também está aprendendo a fazer a gestão da situação, especialmente quanto à entrada e saída dos alunos, que tem que ser separadas. Cada dia vai melhorando!

Desde o primeiro dia meus filhos ficam em horário ampliado e eles estavam super felizes para voltar às aulas. Todas as crianças que vejo estão levando essa situação melhor que os adultos.

Estava desejando que as aulas voltassem porque não conseguia trabalhar com eles em casa. Nesta situação, todos devemos aprender e ser resilientes.

Andrea, mãe duas filhas de 11  e 3 anos. Escola pública.

O retorno às aulas foi muito esperado. Foi um alívio ter voltado à escola, porque isso ajuda as meninas a terem uma rotina.

No início foi estressante para a mais velha porque ela tinha medo do professor perguntar algo que ela não soubesse, mas agora está voltando ao normal. A mais nova, que entrou na escola este ano, se adaptou rápido e mais cedo do que eu esperava.

Desde o início, o colégio passou as normas e os professores foram entrando em contato com os pais através de e-mail. Por sua vez, os pais se organizavam e trocavam informações pelos grupos do Whatsapp.

Belinda, mãe de um jovem de 15 anos, 4º na Escola Secundária Obrigatória.  Escola pública.

A volta está sendo caótica porque só agora sabemos quais dias serão as aulas presenciais, já que meu filho tem tanto aulas presenciais quanto online.

Às vezes os professores se conectam, às vezes, não. Em teoria, os alunos que estão em casa assistem às aulas que estão sendo dadas naquele momento.

A princípio, só nos informaram por e-mail qual a turma em que ele estava e por qual portão ele deveria entrar.

O colégio diz que temos que proporcionar um tablet com determinadas características. No entanto, nem sempre é suficiente, pois os professores dão aulas por aplicativos diferentes ou então as permissões para acessar o conteúdo não são válidas.

Meu filho está muito frustrado, porque não consegue assistir às aulas.

Juliana, mãe de um filho de 7 anos. Escola concertada.

Retornar às aulas foi alívio para os pais, que puderam se concentrar somente numa tarefa e não em dez. Já para o meu filho significou ter espaço e amiguinhos para brincar.

Inicialmente, ele dizia que não queria ir, pois já tinha se acostumado a ficar em casa. Mas logo no primeiro dia ele adorou estar com seu grupo novamente.

O pior foi a separação das turmas. A Comunidade de Madrid determinou 20 alunos em cada sala a fim de guardar a distância social e tiveram que misturar as crianças para criar novas  classes. Havia amigos que estavam juntos desde a creche.

Outra mudança foram os livros. Os estudantes da educação infantil deixam todo o material na escola e só trazem os livros para fazer o dever de casa. Agora, somente os livros utilizados no primeiro trimestre estão no colégio e o resto, em casa.

Como vocês podem ver, tivemos vários cenários na volta às aulas em Madrid. Porém fica minha sincera homenagem aos professores que estiveram no fogo cruzado de pais ansiosos e políticos indecisos e agora recebem nossos filhos de braços abertos.

 

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