Como foi viajar em tempos de pandemia?

Verão na Europa é sinônimo de férias, aeroportos lotados, praias cheias, cidadezinhas com turistas em qualquer lugar, encontros de amigos e famílias em bares e restaurantes… tudo que a Covid-19 acabou não permitindo neste ano tão atípico. Com o fim do estado de alarme e a queda significativa de contágios, a Espanha, um país com uma economia dependente do turismo, decidiu reabrir as fronteiras e permitir as viagens no início do verão, mas claro que nem tudo foi igual. Quer saber como foi viajar em tempos de pandemia? Contamos três experiências.

Gostaríamos de ressaltar que, no momento das viagens, entre os meses de julho e agosto, a circulação em toda a Espanha estava permitida, o uso da máscara era obrigatório em todo o país e bares, restaurantes, atrações turísticas e praias seguiam normas para evitar a propagação do vírus. Depois ficou claro que o otimismo visto naquela época, depois de a Espanha ter passado por um dos confinamentos mais duros do mundo, acabaram levando à segunda onda da pandemia.

Foi possível notar algumas mudanças nos nossos comportamentos como viajantes, como a escolha pelo transporte privado e por destinos com atrações naturais e a céu aberto.  Antes de fazer qualquer viagem, lembre-se de conferir as restrições vigentes no destino no momento de viajar (incluindo a possível exigência de teste) e não viaje se tiver sintomas de Covid-19 ou tiver tido contato com alguma pessoa infectada.

Larissa, do ¡Esto es Madrid, Madrid!, em Girona

Neste ano pensávamos fazer uma grande viagem: ir ao Japão, o que acabou sendo descartado logo no início da pandemia por ser uma viagem que exige um planejamento bastante antecipado. Com a chegada do verão, decidimos viajar à Catalunha, especificamente à província de Girona porque preferimos fazer a viagem de carro por receio de que os voos pudessem ser cancelados.

Claro que havia um certa preocupação com o contágio, mas, seguindo as medidas de segurança, me senti bastante tranquila. Tínhamos a preocupação de que a situação piorasse e fosse complicado voltar ou coisas menos sérias, como não poder ir à praia por estarem acima do limite da capacidade.

A viagem foi bem tranquila e tivemos a sorte de visitar lugares que costumam ser lotados e que estavam relativamente vazios (embora também tenhamos sentido pena de quem trabalha com turismo ao vê-los assim). Não tivemos problemas nas praias e o único “incidente” foi que não pudemos visitar Figueres, que havia voltado à fase 2. Infelizmente, só pudemos ir de carro, visitar o museu de Dalí (que estava aberto) e ir embora.

Visitando o Museu Dalí

Todos os lugares pareciam bastante adaptados à “nova normalidade”. Os hotéis não serviam café da manhã no estilo buffet e o acesso a lugares turísticos era bastante controlado. Pudemos até assistir a dois shows (sentados e com distância, claro!).

Show em Girona

Acho que o único problema que vimos foi a falta de controle no acesso às praias que, por sorte, não estavam lotadas, mas acredito que seria necessário um controle maior para evitar problemas.

Praias tranquilas na província de Girona

Manaira, do blog Manaira Araújo, na Galícia

Esse ano foi bem difícil planejar algo. Em agosto sempre vamos para a Galícia, para o pueblo San Clodio passar uns dias com a família do meu marido. Vai a família inteira  e temos sempre uma ampla agenda de comilanças. Este ano o avô estava com bastante medo, pois quase todos somos de Madrid e aqui os contágios já estavam crescendo. Até poucos dias antes de ir, não tínhamos certeza se ia dar certo.

Destino tranquilo na Galícia

Para controlar o acesso de pessoas se outras comunidades, a Galícia estava fazendo um cadastro de turistas, onde tínhamos que informar para onde íamos, de onde vinhamos, tempo que iríamos ficar, etc.

Para não ficar todos juntos, alguns foram para hotéis, outros ficaram em autocaravanas. Pouca gente ficou na casa do avô, mas era só dormir mesmo, para evitar contatos em lugares fechados. As refeições foram mais reduzidas, pois algumas vezes alguns amigos também se juntavam. Estávamos sempre com a máscara e só tirávamos na hora de comer. Por sorte, ninguém estava contagiado, porque por mais que estivemos tomando cuidado, as possibilidades de contágio sempre eram altas.

No pueblo, de modo geral, todo mundo usava máscara. Sempre encontramos outras pessoas da família, mas nada de abraços. Os bares e restaurantes sempre limpavam as mesas antes da gente sentar e os garçons o tempo todo estavam de máscara. Foram umas férias como as de sempre, mas um pouco diferentes. O lado positivo e que as férias foram mais tranquilas, já que tivemos menos compromissos sociais/familiares. Os galegos são como os mineiros, adoram comilanças e reuniões familiares.

Camila, do blog Con Su Lado de Cá, em vários pontos da Espanha

Eu geralmente não faço muitos planos antecipados de férias, então não tive que realmente cancelar nada esse verão. Se pudesse ter escolhido viajar para fora da Espanha, teria ido para a Islândia ou para a Grécia. Mas o verão foi chegando e a Covid-19 não era uma coisa do passado e sim do presente… então eu decidi não  comprar nenhuma passagem de avião e fazer todo o possível de carro.

Eu fiz várias coisas diferentes durante as férias, e fui explorar locais ainda não conhecidos da Espanha. Fiz uma parte do Caminho de Santiago Português Central pela Galícia, depois passei uma semana entre Astúrias, Castilla-León e Cantábria, pelos Picos de Europa e no fim das férias passei uns dias no Valle del Jerte e Sierra de Gredos.

Camila nos Picos de Europa

No fim de agosto ia para Portugal passar o meu aniversário, mas o medo de não poder entrar ou sair de outro país me tirou a vontade!

Era nítido o tratamento “estranho” nos lugares quando dizia que tinha vindo de Madrid. Parecia que estava carregando o vírus pelo país… ainda que meu teste tenha dado negativo e eu não tenha tido contato direto com ninguém que o teve… Muita limpeza das mãos, dos calçados, uso de máscara, cuidado ao estar em locais muito fechados ou muito lotados. Pensando bem, o que em julho e agosto era um pouco “novidade” agora já é bem normal.

As viagens foram todas como eu esperava! Lugares incríveis, pueblos encantadores, comida boa, preços justos! Tudo que se espera da Espanha profunda! Não achei que perdi outra coisa por ter que viajar pela Espanha. No meu caso, os locais estavam bem preparados, os cafés da manhã servidos à carta e não no estilo buffet, e no geral não encontrei com muita gente, salvo as pessoas que viajaram comigo.

Foi bom pra conhecer mais do país onde vivo há sete anos e ficar mais próxima aos costumes de regiões fora de Madrid!

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